A tramada arte do adeus
O meu gajo acaba de me ligar com uma voz exausta e são 8.30 da manhã. Levou a Madalena à escola para ir para a praia (ontem ela não foi porque passou a noite INTEIRA a tossir) e só quem nunca levou um filho pequeno até à carrinha que segue para a Costa de Caparica é que não sabe como pode ser uma actividade verdadeiramente extenuante. Dizia ele, ao telefone: «Eh pá, já não me lembrava disto. A carrinha ali, os pais todos a dizer adeus, com sorrisos enormes na cara, eu aos saltinhos à procura da minha destinatária do adeus, ao mesmo tempo que ia acenando ao acaso, não se via absolutamente nada com o reflexo, e eu ali a acenar, a acenar, feito parvo, até que, já mesmo no fim, lá a descobri, na primeira fila, tapada por uma cortina. Nem sei quem ficou mais contente: se ela por finalmente me ver, se eu por finalmente a ver a ela! E ali fiquei, ao lado dos outros pais todos, a dizer adeus até a carrinha se fazer por fim ao caminho! Ah, caramba, que até me dói o braço!»