Diga "33"
A minha irmã fez 33 anos ontem mas, cumprindo uma tradição familiar, não festejou propriamente como tinha imaginado. Tinha convidado os amigos para um fim-de-semana diferente, para irem ajudar nas obras da casa que compraram e lancharem por lá, no jardim, tinha comprado comidas e bebidas, balões e um bolo lindo, tinha tudo previsto. Temos sempre tudo previsto. Achamos que controlamos tudo. Só que não. De manhã percebeu que a filha Alice estava pior da respiração, decidiu passar só no hospital para ver o que diziam e... acabou internada. Os amigos festejaram sem ela, no sábado, ajudaram nas obras e ontem (dia dos anos) nós metemo-nos no carro, como previsto, e fomos para Aveiro. Graças aos sogros dela, que entretanto apareceram, conseguimos resgatar a minha irmã do hospital, almoçámos com ela, com o meu cunhado e sobrinho João, os primos andaram a brincar e a rir, e assim houve pelo menos ali uns minutos em que se fez de conta que estava tudo bem. A seguir fomos para o hospital e a bichinha está mesmo aflita para respirar, sempre com o oxigénio no nariz. Partiu-me o coração ter de voltar. Esta porcaria de vivermos a 250 km uns dos outros nunca tem piada nenhuma mas é muito pior quando alguém não está bem. Os 33 anos da minha irfilha foram uma treta mas, como disse uma amiga dela, "não faz mal porque assim para o ano celebras os 33 outra vez". É isso. Os filhos sempre a fazerem-nos mais novos.