Ontem
Ele fez anos. Não foi trabalhar. Passámos o dia juntos, com vagar. A pessoa esquece-se de como é bom estar, simplesmente estar, sem pressas, sem ter o que fazer a seguir. Sentimos o mesmo em Sevilha. Sentimos o mesmo sempre que viajamos, a dois. Como é bom passear de mão dada, conversar sem 658 interrupções por minuto. A pessoa esquece-se do quanto gosta disso. Do quanto gosta do outro. Na vertigem do dia-a-dia, a pessoa corre o risco de se esquecer, engolida pelo tanto que tem de fazer, como um rato frenético numa roda. Foi por isso que lhe ofereci uma viagem. A dois. Para usufruirmos daqui a uns tempos. Para não nos esquecermos de como é bom estar, simplesmente estar. De mão dada. A conversar ou em silêncio. Sem a voragem da vida. Que é necessária. Mas tão estúpida.