Para quem não deu conta, estreou em Julho uma nova rubrica aqui no Cocó. Chama-se Cocó Working e são filmes aqui da pessoa... a trabalhar. O primeiro vídeo mostrou-me a trabalhar na peixaria da Rosa, a Rosanamar no Mercado da Ribeira (podem vê-lo AQUI).
Hoje, dia em que termina o verão, trago-vos o novo Cocó Working. Uma bonita homenagem à minha estação preferida e a todas as pessoas que nos alegram os dias (e aumentam as coxas) enquanto estamos estendidos ao sol.
Dizem-me algumas vezes que isto de ter um blogue não é trabalho que se apresente.
É verdade.
Blogger? Mas que raio de profissão é essa? Pffffff. Palhaçada!
De maneiras que arranca hoje o Cocó Working. Finalmente, vão poder ver-me a trabalhar.
Bilhete de identidade
A minha chefe neste primeiro Cocó Working chama-se Rosa e faz 48 anos na sexta-feira, 8 de Julho. Ninguém diria. E, no entanto, a juventude da sua pele, do seu olhar, do seu sorriso não vêm de uma vida descansada. Rosa trabalha na peixaria desde os 14 anos. "Não quis estudar mais". Acabou a amanhar peixe na banca da mãe, no Mercado da Ribeira. Contente da vida. "Adoro isto! Adoro!" O que mais gosta é de filetar: tirar as espinhas, a pele, deixar o peixe limpinho para quem compra. O contacto com o cliente também é uma paixão. "Aqui está meio quilinho de carapau. É tudo, amor?" Para Rosa, todos são amores e não é mentira, não é forçado. É uma daquelas pessoas que transborda simpatia e graça. "Tenho aqui clientes que são amigos. Mas amigos a sério!" Não admira.
Rosa é casada há 28 anos. Mas não dorme lá muito tempo ao lado do amor da sua vida. Na verdade, Rosa não dorme muito tempo, ponto final. Deita-se todas as noites por volta das 22.30, 23h e acorda às 2 da manhã para ir para a lota, comprar o peixe. Sim. Dorme ainda menos que o presidente Marcelo. E sempre com aquela alegria que se pega à gente mais ainda que o próprio cheiro do peixe.
Graças a esta maneira de ser, trabalhadora e de bem com a vida, hoje trabalham na Rosanamar 5 pessoas. Entre elas, a filha mais velha de Rosa. Repetiu-se o fado e os estudos não quiseram nada com ela. Com a mais nova foi diferente. "É enfermeira. Mas ajuda aqui muito. Muito mesmo." E ajuda é sempre bem-vinda porque a casa está sempre cheia. Sempre. Não há mãos a medir, entre o cliente particular e os donos dos restaurantes e empresas. O peixinho daquela banca parece ter mel. É fresco e bom, disso não restam dúvidas. Mas a boa energia da Rosa também chama clientela. Não há como resistir-lhe.