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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Traição

Hoje traí a «minha» russa. Há coisa de um ano que vou arranjar as unhas a uma russa linda e simpática e luminosa. Gosto muito dela. Não me custa tanto estar uma hora e meia com as mãos presas, eu que sou pessoa pouco dada à imobilidade. Ela tem sentido de humor, uma gargalhada enorme e um calor humano pouco russo - é ela própria que o admite, explicando que as pessoas do seu povo não são, de facto, assim tão calorosas. Passo uma hora e meia a conversar e a rir e as unhas ficam sempre impecáveis.
Pois bem. Hoje traí-a. Abriu aqui perto de casa um gabinete de beleza com preços muito competitivos e não há vizinha que não me fale daquilo. A Catarina tem sido a mais entusiasta: e vai, e vai, e vai, e olha que vale a pena, e olha a crise, e gostas da russa mas tens de gostar é da tua carteira, e porque é que não experimentas, e mimimimimimimimimi. Hoje, mais de um mês depois de ter pintado as unhas de verde, e de já me ter saltado uma parte da unha do indicador direito, lá fui. Confesso que me custou. Sou pessoa fiel, é o que constato. Já podia ter mudado de dentista, já podia ter mudado a depiladora, já podia ter mudado uma série de vezes de uma série de prestadores de serviços mas fico e fico e fico, porque me agarro às pessoas e depois sinto-me a traí-las (sou só eu ou vocês também são assim?). Foi mesmo o que senti hoje. E fui um bocado com a esperança de não gostar. Mas... o pior é que gostei. O espaço fica a 2 minutos de minha casa, a pé, e foi 10 euros mais barato. A «minha» N. está nos Restauradores, o que faz com que vá da Expo até lá de propósito, gaste um dinheirão em estacionamento, e mais 10 euros do que aqui ao lado de casa. Pode ser que amanhã o gel salte todo como milho com óleo no microondas. Pode ser que fique uma desgraça e eu nunca mais pense, sequer, em trair a minha querida russa. Mas se isto durar um mês... se calhar a facadinha no casamento vai dar em divórcio. Chuinf, chuinf. Eu não queria... eu juro que não queria.

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