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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Vamos lá?

A ideia foi da Catarina Beato. Leu a reportagem que eu e o Orlando Almeida fizemos, na Notícias Magazine, e ficou impressionada porque conhecia a Filipa, de um conhecimento virtual, e não fazia ideia que ela estava nesta situação. Então, como o que está mais próximo nos toca mais fundo, quis ajudar. E deu início a um movimento, que eu também subscrevo: «Vamos ajudar a Filipa e o Joel a fazer as obras?»
Podem ler a história deles em baixo, caso ainda não tenham lido a reportagem na íntegra. Eles pensaram fazer um sorteio (cada pessoa dava 20 euros, entrava no sorteio e o vencedor ganhava a casa em Canidelo, a 5 minutos a pé da praia), mas não conseguem o número mínimo de participantes para que valha a pena e, por isso, o ideal é mesmo ajudá-los a conseguir pagar as obras que ficaram a meio por culpa da crise (explicação do sucedido em baixo).
Vamos ajudá-los a voltar a casa?

NIB 0007 0000 00145957841 23
IBAN PT50 0007 0000 0014 5957 8412 3

 Escrevam "obras" na transferência.
Obrigada! 

4.ª Estação: Jesus encontra a sua mãe
A casa era fria. Gelada. Filipa já se tinha queixado dúzias de vezes. Que tinha os pés frios. E as mãos. E o nariz. Que andava sempre constipada. Joel, o marido, sabia que era tudo verdade mas foi desvalorizando o assunto. Até que ela engravidou. Uma grande alegria. E então, sim. Já se justificavam as obras para tornar o T2 em Canidelo mais quentinho. «Fomos ao banco e requeremos um crédito para obras. Pedimos trinta mil euros. O processo foi-se desenvolvendo todo, veio a engenheira fazer a avaliação, e o meu gestor de conta disse que estava tudo muito bem encaminhado, que o crédito estava pré-aprovado e iam só tratar da burocracia para se assinarem os papéis.»
Joel Aguiar, 27 anos, tinha acabado de herdar algum dinheiro pela morte do pai e, ao receber as boas notícias do banco, decidiu avançar com as obras. Mandou vir os homens que costumam trabalhar com ele no negócio da restauração de casas e puseram mãos à obra. Partiram paredes. Portas. Janelas. Arrancaram o chão. Um dia, precisamente o dia em que o FMI entrou em Portugal, Joel estava no telhado a remover as telhas quando o telefone tocou. No visor do telemóvel, o número do banco. Atendeu e, do outro lado, a voz condoída do gestor de conta: «Venho dar más notícias». Joel sentou-se. «O crédito voltou para trás. Foi recusado.»
Faltam as palavras para descrever o que sentiu nesse momento. Estava no cimo da casa esventrada, com o céu por cima da cabeça e a escutar o barulho da destruição que os homens das obras iam fazendo, em baixo. Olhou para as nuvens, incrédulo. Não sabe quanto tempo esteve assim, imóvel, numa conversa muda com Deus. Tinha gasto parte do seu dinheiro, tornado a sua casa inabitável, estava a viver com a mulher e a bebé (que entretanto nascera) na casa dos sogros, e agora o banco recusava o crédito que parecia praticamente certo.
A obra parou, Joel e Filipa ficaram sem dinheiro para a concluir ou para comprar uma nova, tiveram de ficar a viver com os pais dela. Puseram a casa à venda, mas ninguém a quis comprar. Filipa engravidou novamente. Mudaram-se para a casa da mãe dele, onde vivem há 8 meses. A Leonor tem 1 ano e meio. A Laura tem 3 meses. Joel sente-se encurralado: «Sempre trabalhei, sempre fui independente. Nunca quis viver em casa de ninguém. E agora estou de mãos e pés atados.»
Foi assim que, certo dia, em desespero, decidiu criar uma página no Facebook: «Querem ganhar uma casa? Adiram ao evento». A ideia é tentar angariar cinco mil pessoas que se disponibilizem a dar vinte euros para entrar num sorteio: «O vencedor ficará com uma moradia térrea inserida num terreno de quatrocentos metros quadrados, a cinco minutos da praia de Salgueiros, por vinte euros.»
Joel Aguiar não sabe se o evento vai dar em alguma coisa, mas espera que sim. Afinal, ele só queria tornar mais quente uma casa gélida, para receber um recém-nascido. E agora só quer voltar a ter um teto para poder viver com a mulher e as filhas. E deixar a casa da mãe, que já é tempo.

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